Aluno que matou professora em escola de SP foi frio em depoimento, diz delegado
Segundo a polícia, estudante confessou crime e deu detalhes do planejamento nesta segunda (27); ele foi levado para a Fundação Casa
O adolescente apreendido pelo ataque na escola estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, demonstrou frieza ao falar sobre o caso, segundo o delegado responsável pela investigação do caso. O jovem prestou depoimento nesta segunda (27) no 34º Distrito Policial.
O aluno do oitavo ano do ensino fundamental matou a facadas a professora Elisabeth Tenreiro, 71, e feriu outras cinco pessoas (dois alunos e três outras docentes).
“Ele [o autor do ataque] passou todas as informações de forma pormenorizada, ele admitiu os fatos. E as imagens são fortes”, disse o delegado Marcos Vinicius Reis. “Ele foi frio, não demonstrou muita emoção e admitiu, confessou, na presença da advogada, na presença dos pais.”
Segundo o delegado, a motivação do crime ainda está sendo investigada. Para determiná-la, a polícia deve tentar saber mais sobre as brigas que foram relatadas, analisar o bilhete que o adolescente deixou em casa e suas postagens online.
Questionado sobre boatos de possíveis novos ataques, o delegado disse que a polícia tem um farto material e que ainda deve tomar novos depoimentos. Os próximos da investigação devem analisar essas postagens na internet, verificar os bilhetes aprendidos e os 32 depoimentos que foram colhidos.
O jovem de 13 anos deixou a delegacia por volta das 18h10 desta segunda e foi encaminhado para passar por exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal) Oeste, que fica anexo ao 91º DP (Ceagesp). Após o exame, foi encaminhado para a Fundação Casa. Nesta terça-feira (28) ele passará por audiência de custódia na Vara da Infância e do Adolescente.
“Esperamos que ele permaneça apreendido”, disse Reis. “Foi um procedimento com bastante lisura e trabalhoso. É um caso que envolve menores e uma vida.”
Em um boletim de ocorrência registrado no dia 28 de fevereiro deste ano, ao qual a Folha teve acesso, o jovem de 13 anos é descrito como uma pessoa de perfil agressivo.
O boletim foi registrado por uma funcionária da escola estadual José Roberto Pacheco, em Taboão da Serra, na Grande São Paulo. Essa é a unidade de onde o adolescente foi transferido no começo deste mês.
No documento policial, o jovem é descrito como alguém que vinha apresentando comportamento suspeito nas redes sociais, “postando vídeos comprometedores, por exemplo, portando uma arma de fogo e simulando ataques violentos”.
“O aluno encaminhou mensagens e fotos de armas aos demais alunos por WhatsApp, e alguns pais estão se sentindo acuados e amedrontados com tais mensagens e fotos”, segundo trecho do boletim.
Também consta do registro que os responsáveis pelo adolescente foram convocados para ir à escola, onde a direção os orientou a tomar providências.
Foi esse histórico de violência a causa da transferência de escola, segundo o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite. A mudança se deu no dia 6 deste mês, acrescentou o secretário da Educação, Renato Feder.
Por Isabella Menon e Tulio Truse