O que fazer se testar positivo para Covid durante a viagem?
Na última semana, uma onda de passageiros com sintomas tem viajado de avião
O Brasil passa por uma alta dos casos de Covid-19 impulsionada pela variante ômicron e pelas festas de final de ano. Multiplicam-se relatos de pessoas que tiveram resultado positivo para a doença durante ou depois de viagens de Natal e Ano-Novo.
Na última semana, uma onda de passageiros com sintomas também tem viajado de avião para fazer a quarentena em casa, por estar sem dinheiro para estender a hospedagem ou com medo de ficar doente num local desconhecido ou sem estrutura.
As dúvidas nessa situação são muitas. Entenda abaixo o que fazer caso fique doente fora da sua cidade ou do país, em que casos fazer o teste, quais os riscos de viajar de avião, quais cuidados tomar se precisar voar, entre outras questões.
Voltei de viagem nacional ou internacional sem sintomas. Devo fazer o teste?
Sim, porque você pode estar assintomático. É recomendado realizar o teste antes e depois de viagens ou até quando for encontrar grupos diferentes dos quais você convive normalmente. Principalmente em meio ao atual quadro epidemiológico, com aumento de casos e circulação da variante ômicron, mais transmissível.
Tive sintomas ou testei positivo durante a viagem. O que devo fazer?
O recomendado é permanecer isolado por dez dias, mas é preciso avaliar caso a caso. Se os sintomas são leves e há possibilidade de isolamento em um hotel ou casa, por exemplo, deve-se continuar no local. Por outro lado, se o paciente tem fatores de risco para a Covid e o lugar não possui uma rede de saúde adequada, a melhor opção pode ser voltar para casa, com todos os cuidados para evitar a transmissão. Um médico pode ajudar nessa decisão.
Devo fazer o teste para influenza e Covid, ou o de Covid é suficiente?
Se estiver com sintomas gripais e for possível, é aconselhável fazer tanto teste para a influenza quanto para a Covid, porque os vírus das duas doenças estão circulando no país e os sinais podem ser semelhantes, como cansaço, febre, coriza, dor de cabeça e dor no corpo. O tipo de vírus também pode mudar o tempo de isolamento necessário.
Qual é o período de isolamento recomendado para a Covid atualmente?
Dez dias para casos leves e moderados, segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Os sintomáticos devem contar os dias a partir do início dos sintomas, e os assintomáticos, a partir do exame. O infectologista Eduardo Medeiros, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), afirma que a redução do tempo de isolamento para cinco dias, recomendada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano (CDC) recentemente, não se aplica à realidade brasileira, onde a realização de testes não é tão difundida.
Devo fazer o exame ao fim desse período?
Não há necessidade, de acordo com Medeiros, porque estudos apontaram que a partir do oitavo dia a transmissão já diminui. Por sua vez, pacientes mais graves, internados em UTI ou imunodeprimidos (em tratamento contra um câncer, por exemplo), podem excretar o vírus por mais tempo, em geral 20 dias.
Se eu precisar pegar avião estando doente, quais cuidados devo tomar? Ficar de máscara o tempo todo (de preferência do tipo N95); lavar as mãos ou passar álcool em gel com frequência; evitar comer, beber ou conversar durante a viagem; e manter um distanciamento de no mínimo 1,5 metro de outras pessoas quando possível. Você pode também tentar escolher um local em que o assento ao lado esteja desocupado.
Em casos de voos internacionais de muitas horas, como comer e beber?
Esse é um dos maiores problemas das viagens de avião. Para minimizar os riscos, recomenda-se comer e beber rapidamente e sem falar, recolocando a máscara logo em seguida. Outra alternativa é esperar que os passageiros ao lado comam e, só depois, quando eles já tiverem colocado a máscara, iniciar a refeição.
Quais são as chances de contrair a Covid em aviões? Muito baixas, segundo o infectologista Eduardo Medeiros, principalmente se todos permanecerem de máscara o tempo todo. Isso porque a maioria das aeronaves possui a tecnologia Hepa (High Efficiency Particulate Air Filter), que renova o ar interno a cada dois ou três minutos.
Se fiquei doente no exterior e já cumpri o isolamento, o que é preciso para voltar ao Brasil?
No geral, comprovante de vacinação completa realizada ao menos 14 dias antes da viagem e teste antígeno realizado até 24 horas antes de embarcar, ou RT-PCR até 72 horas antes de embarcar. Também é necessário preencher a Declaração de Saúde do Viajante (DSV) 24 horas antes do voo. Casos específicos estão detalhados no site da Anvisa.
Caso esteja isolado em hotel ou pousada, quais os cuidados a se tomar?
O ideal é nunca deixar o quarto, recebendo as refeições na porta. Mantenha o local bem arejado, com as janelas abertas, e saia de máscara caso um funcionário ou funcionária tenha que limpar o quarto. Ele precisa ser avisado de que há risco, para usar máscara e luvas adequadas.
Todos na mesma casa ou hospedagem testaram positivo. Pode circular livremente ali, sem máscara?
Se todos tiveram a mesma exposição e provavelmente pegaram a doença um do outro, sim. Mas, dependendo da situação, a variante pode ser diferente, então é recomendado o uso da máscara também dentro do local de isolamento.
Estou na véspera da viagem. Adianta tomar a terceira dose agora?
O ideal é tomar a dose de reforço 14 dias antes de viajar, para que ela chegue à sua proteção máxima a tempo. Se a viagem está muito próxima, o melhor é levar a carteira de vacinação e tomar no destino, se possível, para evitar ter reações durante o percurso. A dose de reforço, em geral, deve ser aplicada quatro meses após a segunda dose ou a dose única.
Posso tomar a terceira dose se estiver com Covid?
Não. A recomendação é aguardar 30 dias após o diagnóstico de Covid, independentemente de qual for a dose. Se a doença tiver sido descartada e os sintomas forem de um resfriado, por exemplo, não há problema em tomar.
A ômicron é, de fato, mais contagiosa e menos grave?
Sim, já há estudos mostrando que ela chega a ser três ou quatro vezes mais transmissível do que a variante delta. O que profissionais de saúde e especialistas têm visto até o momento em locais em que a cepa já se espalhou há mais tempo, como na África do Sul e na Europa, é que a doença tem sido mais leve, com menos comprometimento pulmonar. No entanto, como há muitos casos, as chances de unidades de saúde entrarem em colapso novamente não estão descartadas.
Por Júlia Barbon