Mesmo com variante delta, Doria mantém plano de reabertura de atividades em SP – Mais Brasília
FolhaPress

Mesmo com variante delta, Doria mantém plano de reabertura de atividades em SP

Para Dória, a contenção da delta só será possível com o uso contínuo de máscara

João Doria
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O governo paulista manteve seu plano de flexibilização das atividades econômicas, apesar do avanço da variante delta do coronavírus no estado de São Paulo.

Em entrevista coletiva realizada no Palácio Bandeirantes, no início da tarde desta quarta-feira (4), o governador João Doria (PSDB) afirmou que a liberação será gradual, segura e sob protocolos.

“Ainda estamos enfrentando a pandemia e realizando a vacinação de nossa população. Os índices de casos, leitos e óbitos vem caindo e nos permite flexibilizar de forma segura e cuidadosa”, disse.

Para Doria, a contenção da delta só será possível com uso contínuo de máscara pela população e com uma gestão eficiente da vacinação que, segundo ele, sofreu um baque causado pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

Doria acusou o ministério da Saúde de ter repassado nesta terça-feira (3) metade da carga prevista de doses da Pfizer, o que pode comprometer a imunização de crianças e adolescentes paulistas. “É uma afronta que representa a quebra do pacto federativo”, disse.

A Pfizer é a única vacina que tem autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para ser aplicada em pessoas com até 18 anos no país. A agência analisa a eficácia da Janssen e da Coronavac para esse público.

VARIANTE DELTA EM SP
A transmissão da delta causa preocupação pela rapidez com que se propaga. Ela também tem sido a responsável pelo recrudescimento dos planos de retomada da economia na Europa.

Na capital paulista, a transmissão da delta já é considerada comunitária, quando diferentes pessoas que não possuem contato umas com as outras são diagnosticadas com a variante.

A cidade de São Paulo identificou, até esta terça-feira (3), ao menos 50 casos da variante, que, segundo relatório recente do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos piora o quadro clínico até dos infectados já vacinados.

No Rio de Janeiro, a variante delta foi encontrada em 45% das amostras analisadas. Esta situação ainda não foi sentida no estado de São Paulo, segundo Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan. “Entre 5% e 6% das nossas amostras têm dado positivo para variantes. E a delta corresponde a 0,6% desses resultados”, disse.

Para rastrear a variante delta e isolar as pessoas contaminadas com mais velocidade, um contêiner móvel operacionalizado pelo Instituto Butantan vai realizar exames de sequenciamento genético pelas regiões mais críticas do estado.

A estrutura será levada primeiro à cidade de Aparecida (a 180 km de São Paulo), que atrai romeiros de diferentes regiões do país à Basílica de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil para os católicos.

De lá, o contêiner seguirá para Santos, no litoral paulista, onde testes identificaram a presença da delta em tripulantes de um navio aportado no porto de cargas da cidade.

Mesmo diante de um cenário que preocupa, o governo Doria vem se amparando na queda de internações, óbitos e infecções para liberar as atividades que são consideradas um chamariz para aglomerações.

Na última semana, 346 das 645 cidades paulistas não registraram nenhum óbito por Covid-19. A taxa de ocupação de UTIs para pacientes com a doença chegou a 48% -a menor deste ano.

Conforme o jornal Folha de S.Paulo adiantou, eventos sociais, corporativos, culturais e esportivos poderão funcionar no estado a partir de 17 de agosto. Nesse pacote também estão incluídos casamentos, jantares, festas de debutante e formaturas.

A data foi fixada porque no dia anterior, 16 de agosto, o governo Doria prevê que toda a população adulta paulista já tenha recebido ao menos uma dose das vacinas disponíveis contra o coronavírus.

“Não haverá restrição de ocupação, mas do distanciamento. O cálculo de ocupação dos eventos precisará ser feito”, disse Patrícia Ellen, secretária de Desenvolvimento Econômico, também presente na coletiva.

Os responsáveis pelos eventos, segundo Ellen, terão de estimar a capacidade máxima de público dos locais para garantir que as pessoas fiquem um metro de distância uma das outras. O uso de máscara continuará obrigatório.

O governo Doria também fixou para 1º de novembro o retorno de shows com público em pé, campeonatos esportivos com torcida e das pistas de dança, outro avanço na flexibilização das atividades.

A data prevista para o funcionamento desses eventos também foi atrelada à vacinação, quando o governo paulista estima que ao menos 90% da população adulta já terá tido acesso à segunda dose.

Ellen explicou que, em novembro, os eventos também terão de respeitar o distanciamento social e o uso compulsório de máscara. “Não será um libera geral”, disse ela.

Até o momento, pouco mais de 23% da população acima de 18 anos concluiu o esquema vacinal contra o coronavírus no estado de São Paulo.

Texto: Dhiego Maia